terça-feira, 30 de outubro de 2012

Eça e as flores (1)

O grão-duque, numa silva de orquídeas que orlava o seu talher, notara uma, sombriamente horrenda, semelhante a um lacrau esverdinhado de asas lustrosas, gordo e túmido de veneno: e muito delicadamente ofertara a flor monstruosa a Madame d´Oriol, que, com trinado riso, solenemente, a colocou no seio. Colado àquela carne macia, de uma brancura de nata fina, o lacrau inchara, mais verde, com as asas frementes. Todos os olhos se acendiam, se cravavam no lindo peito, a que a flor disforme, de cor venenosa, apimentava o sabor. Ela reluzia, triunfava. Para ajeitar melhor a orquídea os seus dedos alargaram o decote, aclararam belezas, guiando aquelas curiosidades flamejantes que a despiam. 
Eça de Queiroz . "A Cidade e as Serras"

domingo, 28 de outubro de 2012

Na rua

Banksy (who else) em São Francisco

Na varanda

Schlumbergera truncata

E o Outono, indiscreto e insinuante como sempre, ao fundo...

Tenho para mim...

Que numa fotografia é mais importante o que está escondido do que o que se revela.

sábado, 27 de outubro de 2012

Homens com flores (5)


Hans Memling (1433/40–1494) . "Homme à la rose"

Homens com flores (4)

Lisboa tem (felizmente) bocados assim.


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Da portatilidade dos corações


i carry your heart with me (i carry it in my
heart) i am never without it (anywhere 
i go you go, my dear; and whatever is done 
by only me is your doing, my darling)
(...)
E.E. Cummings . do poema 92 (de 95 poemas)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Homens com flores (3)

Edward Steichen
(e as flores)

Homens com flores (2)

Beatles 1968 . Fotografia de Don McCullin

Homens com flores (1)

É uma série nova...

domingo, 21 de outubro de 2012

Jardim vertical


Paris tem o Patrick, eu tenho a Ipomea

Garten

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

The flower

Once in a golden hour
I cast to earth a seed.
Up there came a flower,
The people said, a weed.

To and fro they went
Thro' my garden bower,
And muttering discontent
Cursed me and my flower.

Then it grew so tall
It wore a crown of light,
But thieves from o'er the wall
Stole the seed by night.

Sow'd it far and wide
By every town and tower,
Till all the people cried,
"Splendid is the flower!"

Read my little fable:
He that runs may read.
Most can raise the flowers now,
For all have got the seed.

And some are pretty enough,
And some are poor indeed;
And now again the people
Call it but a weed.

Alfred Tennyson

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Das árvores que eu vi nascer (7)

Eriobotrya japonica

Quase nada

10 coisas sem importância10 coisas sem importância10 coisas sem importância10 coisas sem importância10 coisas sem importância
10 coisas sem importância10 coisas sem importância10 coisas sem importância10 coisas sem importância
10 coisas sem importância

coisas sem importância, um álbum no Flickr.

Sentes, Pensas e Sabes que Pensas e Sentes


(...)
Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.

Ter consciência é mais que ter cor?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.
Ninguém pode provar que é mais que só diferente.
(...)
Alberto Caeiro

Medicinal


Justicia adhatoda L.

Algumas plantas são umas verdadeiras caixinhas de surpresas, esta que encontrei na Primavera passada a florir num jardim de Lisboa é um desses casos. A semelhança com as flores dos acantos ajudou a identificar a família: Acanthaceae (a família dos acantos). Mas esta é uma família numerosa, tem cerca de 250 géneros diferentes e mais de 2500 espécies quase todas oriundas de regiões exóticas  e climas tropicais, a tarefa não parecia fácil... A verdade é que sem grande esforço acabei por tropeçar hà dias no nome dela quando reparei que havia um epíteto específico que significava literalmente "as cabras não lhe tocam" o que numa planta é extremamente invulgar já que, como se sabe, as cabras comem todas as plantas. Foi a curiosidade de conhecer a planta capaz da tirar o apetite às cabras que me levou de volta à Acanthaceae que tinha fotografado uns meses atrás. 

O  género Justicia é uma homenagem a um homem que dedicou a vida à botânica e que o Sr Lineu com toda a certeza admirava - James Justice (1698-1763) - e o epíteto adhatoda  (adu=cabra, thoda-=não lhe toca) já se sabe. 
É uma planta originária da Ásia onde existe em grande abundância e onde as suas virtudes medicinais são muito apreciadas. É ainda utilizada para tingir tecidos, as folhas são usadas como adubo natural, é insecticida...

A quem a plantou nos jardins de Lisboa tenho a agradecer tudo o que aprendi com ela. E dos incompetentes que neste momento estão responsáveis por estes jardins espero apenas que a consigam manter viva.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

No Prado

Dittrichia viscosa
Énula-peganhosa; Erva-dificil-cheirosa; Tádega; Tágueda; Tágueda-prostrata; Táveda-de-folhas-estreitas; Táveda-de-folha-de-charuto...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Um Carvalho para o Outono

  Quercus rubra

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

domingo, 14 de outubro de 2012

Metamorfoses

 Bernini . "Apolo e Daphne"

(uma metamorfose muito minha)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Blossom friend

No Botânico

Colletia cruciata. Maclura pomifera

Da época


Amaryllis belladonna L.
(*)

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

DIY


Ainda que eu não seja uma grande admiradora da agricultura hidropónica este quase me convenceu.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ver e colecionar


Estou a ficar viciada nisto.

Mais nada


Juan Miró . "El ala de la alondra aureolada de azul de oro llega al corazón de una amapola adormilada sobre el prado engalanado de diamantes"* . (1967)

*(A asa da cotovia com uma auréola azul dourada chega ao coração de uma papoila adormecida no prado enfeitado de diamantes)

People are like seasons

Joan Miró por Yousuf Karsh

There is a brief moment when all there is in a man's mind and soul and spirit is reflected through his eyes, his hands, his attitude. This is the moment to record.
Yousuf Karsh

I Work Like a Gardener
I work like a labourer on a farm or in a vineyard. Things come to me slowly. My vocabulary of forms, for instance, has not been the discovery of a day. It took shape in spite of myself... 
Joan Miro

terça-feira, 9 de outubro de 2012

The Visit


When I looked up from the blank page in front of me
there was an angel in the room.
A rather ordinary angel -
presumably from the lower échelons.
You cannot imagine (he said)
how dispensable you are.
Of the fifteen thousand shades of blue,
(he said) each one makes more of a difference
than anything you may do
or not do -
not to mention uranium
and the Great Magellanic Cloud.
Even the most common lichen, unassuming
as it is, would leave a gap. Not you.
I could tell from the gleaming of his eyes -
that he was hoping for a nice long, bitter argument.
I did not move. I sat in silence
until he left.


Enzenberger

A felicidade


É os peixes encarnados de Matisse

A felicidade



A felicidade é uma flor que não se deve colher.
André Maurois

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

19611 Aquarium


Uma fotografia de horticultural art.

Era uma vez...

 

Uma Ginkgo biloba (filha deste blogue), uma gata (aparecida num dia de nevoeiro) e um ancinho azul (também chamado gadanho, rastelo ou ciscador). Tudo resto é luz e sombra.

Os Corvos

Já não apareciam há muito tempo.

domingo, 7 de outubro de 2012

Flores de Outubro


Cosmos bipinnatus

Ando encantada com a fotogenia e graciosidade das Cosmos. Esta é uma flor que quero voltar a semear todos os anos, são lindas de morrer e, espertas, florescem na altura do ano em que a luz é tão perfeita que nenhuma flor consegue ficar mal na fotografia.