"Deus creavit, Linnaeus disposuit" (Deus criou Lineu organizou), é o próprio Lineu que o reconhece quando se entrega à divina tarefa de nomear e classificar todos os seres vivos.
No que respeita à Botânica, Lineu desenvolve todo o seu trabalho com base na observação directa e no conhecimento profundo que tinha da natureza, é espantoso como hoje em dia com os avanços da genética, as classificações de Lineu feitas mesmo antes de Charles Darwin apresentar a sua teoria de evolução, ainda fazem tanto sentido, são tão respeitadas e sofreram tão poucas alterações.
Eu (que não tenho nenhuma relação com a ciência) vejo a obra de Lineu, nomeadamente a sua Taxonomia, mais do que como uma obra científica, uma obra de arte criação de uma mente iluminada, que me encanta. Lineu ao nomear as plantas consegue a extraordinária façanha de contar as suas histórias, nomeia-as com o coração, com sentido de humor, com respeito e admiração, com desdém (chega a dar o nome de um seu opositor a uma insignificante erva daninha), com poesia (Strindberg escreveu "Lineu era na realidade um poeta que por acaso se tornou um naturalista"), com verdade e sem receios (a igreja repugnava as suas teorias)... Mas sobretudo com um enorme conhecimento não só da natureza mas do mundo. É por isso um desafio delicioso, cada vez que encontro uma nova planta, descobrir como é que Lineu lhe chamou e porquê. Nem sempre lá consigo chegar até porque o coração tem razões que a própria razão desconhece.
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Recordo a propósito os versos de Alberto Caeiro
" A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Recordo a propósito os versos de Alberto Caeiro
" A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão"
Este blog é dos mais interessantes e bonitos que conheço. Parabéns e obrigada :)
ResponderEliminarA Virgínia disse bem. Se houvesse um Nobel para blogs este seria Nobelizado.
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