Não me consigo lembrar quais eram as árvores que lá estavam antes, mas eram grandes e bonitas como as que, hoje, lá estão novamente. Foi há mais de vinte anos, uma noite infernal que pelas piores razões nunca vou esquecer. Um vizinho aflito a bater à porta para nos acordar porque as chamas já estavam perto de casa, o barulho tremendo das árvores a arder e aquela luz brutal, aflitiva, que se infiltrava por todas as frestas das grossas portadas de madeira. Acho que nunca tinha sentido medo antes, um medo que nunca mais me largou, não há noite de calor que eu passe perto de árvores, em que não o sinta novamente.
No dia seguinte, o meu pai, que nunca teve medo de nada e não era dado a desolações, foi escolher novas árvores para substituir as que tinham ardido, assim que chegaram as primeiras chuvas, plantou-as e não falou mais no assunto. Escolheu choupos, (os Choupos do meu contentamento), nunca explicou a escolha, mas secretamente eu sempre soube: Os choupos crescem depressa e ele sentia a vida a fugir-lhe.
Posso correr o risco de parecer piegas, mas posso dizer-lhe que o seu texto me comoveu.
ResponderEliminarÉ bom sinal, Miguel. : )
ResponderEliminarGosto do teu pai e do que ele plantou em ti.
ResponderEliminarQuanto aos números de contagem: há pessoas que vêm unicamente beber e como eu digo a propósito do Dias..." - lavar os olhos!
Tão simples.
Bjinho nome de flor.