Vem agora a Experimenta Design, através de uma campanha denominada It's about time que lhe incute um carácter afirmativo de uma "outra urgência", defender um projecto para o jardim que perversamente pretende ser vanguardista. Implicitamente usa uma retórica de inovação e ruptura que lhe garante, por isso mesmo, uma autoridade cultural que só a superioridade da avant-garde pode garantir. Pretende assim mutilar as árvores com "tatuagens", abrir "chagas" na pele das árvores protegidas. Fazer "instalações" sonoras alterando completamente o equilíbrio do habitat, no que respeita os seus ciclos de luz e de silêncio. Além de colocar sistemas de iluminação que irão ter o mesmo efeito, pretende instalar uma casa metálica numa árvore, perversão corrosiva da "cabana". Claro que os bancos românticos irão ser substituídos por outros em cimento e um bar irá ser instalado no jardim, garantindo assim uma espécie de espaçolounge, uma espécie de área de expansão e colonização oficializada do jardim pelos estabelecimentos nocturnos, all night long. O que se passa aqui é uma perversa inversão de valores, que perante a importância das verdadeiras ansiedades descritas no início deste texto são profundamente reaccionárias, datadas e prisioneiras de um falso vanguardismo. Tomou-se a resolução, talvez por pudor de expor esta figura ao jardim play-station, de recolocar a estátua de Ramalho Ortigão noutro local.
In Público (11/10/2009)
Por António Sérgio Rosa de Carvalho
Olá Rosa
ResponderEliminarSerá realmente uma grande perda se tal vier a acontecer, ainda no passado sábado lá estive (pela primeira vez) e é realmente fantástico, tem um ar intimista que me agradou muito, os bancos e as mesas dão-lhe um toque muito especial.
Mas isto agora é assim e a tradição já não é o que era... é de lamentar.
Cumprimentos
João