sexta-feira, 13 de novembro de 2009

As Estrelas, o mar, os homens e os livros



Em Fevereiro passado, milhares de estrelas-do-mar deram à costa numa praia irlandesa, há poucos dias, voltou a acontecer algo muito semelhante aqui.

Desconfio que as as estrelas-do-mar andam a querer dizer alguma coisa.

E como uma coisa leva a outra e a memória é uma coisa mirabolante, lembrei-me de dois livros do Steinbeck: "Cannery Row"  ("O Bairro da Lata") e "Sweet Thursday", lembrei-me do Nick Nolte no filme que tem o nome do primeiro livro e mais especificamente do inesquecível Doc, Um biólogo marinho atípico (não porque eu tenha alguma ideia do que possa ser um típico biólogo marinho) que - lá está - estuda as estrelas-do-mar, as fobias e as apoplexias que acredita existirem nos polvos, a instabilidade do plâncton, ao mesmo tempo que lida com as suas angústias e a sua vida, com a sensibilidade fora do comum que Steinbeck descreve assim no início do seu "Sweet Thursday".

In the late night Doc might be working at his old and battered microscope, delicately arranging plankton on a slide, moving them with a thread of glass. And there would be three voices singing in him, all singing together. The top voice of his thinking mind would sing “ What lovely particles, neither plant nor animal but somehow both- the resevoir of all the life in the world, the base suply of food for everyone. If all of these should die, every other living thing might well die as a consequence”, The lower voice of his feeling mind would be singing “ What are you looking for, little man? Is it yourself you’re trying to identify?Are you looking at little things to avoid big things?” And the third voice, which came from his marrow, would sing, “_Loneseme! Lonesome! What good is it? Who benefits? Thought is the evasión of feeling. You’re only walling up the leaking loneliness”.

Como acontece com todas as grandes personagens, Doc é inspirado (neste caso particular pode-se mesmo dizer que é decalcado) de uma personagem igualmente fascinante, mas real, que marcou profundamente Steinbeck: Ed Ricketts (Edward Flanders Robb Ricketts 1897–1948) também ele estudou a vida marinha de uma forma especial, foi um daqueles homens que viveu antes do seu tempo, um precursor da ecologia, um visionário, um filósofo, um apaixonado por poesia. Não sei se alguma vez estudou as estrelas-do-mar, mas acredito não perderia esta oportunidade para o fazer e para com tudo isto nos ensinar mais sobre a vida.


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