sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
A poucas horas de um ano novo...
As horas da minha Vida
São mar alto, maravilha!
Eu sou uma pequena ilha
No meio do mar perdida...
Augusto Casimiro no poema "Aleluia das Horas"
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
A Alma das Palavras
Ora, sendo a Saudade a própria essência do espírito lusitano, ela existe ainda esparsa e difundida em outras palavras do nosso vocabulário, igualmente intraduzíveis. A palavra nevoeiro, por exemplo, não se imagine que é a tradução fiel do brouillard francês ou do fog inglês. O sentido destas palavras é apenas objectivo, é físico somente, enquanto que a palavra nevoeiro tem para nós um segundo sentido subjectivo e misterioso. Nevoeiro encerra a ideia de sonho, aparição futura, esperança, o sebastianismo...
(...)
A palavra luar não é somente o clair de lune francês ou o moonlight inglês, isto é, a luz da lua. A própria forma sónica da palavra, feita duma sílaba muda e uma sílaba aberta, dá a fusão da luz e da sombra, da alegria e da tristeza das coisas. No luar há saudade, como na saudade há luar...
Teixeira de Pascoaes . "A Saudade e o Saudosismo"
domingo, 26 de dezembro de 2010
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Estúpidos!
Abateram os Plátanos de Colares.
Nestas alturas tenho raiva e muita vergonha de viver num país atrasado e feio. Mais nada.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Solstício
Central Park, 1992
Bruce Davidson . Magnum Photos
É hoje às 23h38m que começa o Inverno no Hemisfério Norte, aproveitem-no criativamente ou hibernem.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Montanhas Russas
Ando fascinada com o local de onde - segundo Mike Dash no seu Tulipomania - são originárias as Tulipas: A tremenda cordilheira Pamir na Ásia central, conhecida como "telhado do mundo"ou se preferirem "pés do sol". Um dos locais - ainda hoje - mais inacessível, inóspito e menos explorado do mundo. A impenetrabilidade deste imenso conjunto de montanhas é, só por si, a justificação pela qual duas das mais poderosas civilizações antigas de todos os tempos - Roma e China - terão existido simultaneamente mas quase totalmente ignorantes da existência uma da outra.
No entanto nada disto impediu que as Tulipas, filhas dos vales mais férteis do Pamir, improváveis embaixatrizes deste local inimaginável, corressem o mundo na mais emocionante aventura de que algum ser vivo já foi capaz. Tudo isto apenas porque são lindas de morrer.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Da minha aldeia
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Alberto Caeiro
sábado, 11 de dezembro de 2010
No Prado
Raphanus raphanistrum
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Se uma flor voasse perdia o cheiro;
e se o pássaro tivesse aroma de rosa, de certeza seria coxo.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
A stairway to heaven
There's a sign on the wall but she wants to be sure
'Cause you know sometimes words have two meanings.
In a tree by the brook, there is a songbird who sings:
Sometimes all of our thoughts are misgiven.
it makes me wonder...
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Só para lembrar que é Outono
Liquidambar styraciflua
E que assim será, até que a última folha do último Liquidâmbar cair por terra.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Uma súbita rajada de vento...
Hokusai . 'A Sudden Gust of Wind'
Impossível sair hoje à rua e não recordar estas súbitas rajadas de vento.
sábado, 4 de dezembro de 2010
Improviso
Uma rosa depois da neve.
Não sei que fazer de uma rosa no inverno.
Se não for para arder
ser rosa no inverno de que serve?
Eugénio de Andrade . 1999
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Se o seu negócio não é números e não está na Polónia, passe adiante.
Bem sei que é um bocado convencido, parvo e tudo, andar a ver as estatísticas do blogue, ficar toda contentinha e fazer aqui um grande estardalhaço sobre o assunto, mas hoje deu-me para aqui.
Visualizações de páginas por país desde Maio de 2010 (altura em que o blogspot começou a servir estatísticas quentinhas sobre os blogues):
Brasil (15 681 visualizações de páginas) logo seguido de Portugal (14 422 visualizações de páginas) e depois - com números mais modestos - Estados Unidos, França, Polónia, Itália, Espanha, Alemanha, Holanda e Reino Unido.
Não pretendo tirar conclusões destes números em que nem chego a acreditar mas ali a Polónia... Confesso que me faz espécie.
Flores da época
Cyclamen persicum
In the autumn the little rosy cyclamens blossom in the shade of this west side of the lake. They are very cold and fragrant, and their scent seems to belong to Greece, to the Bacchae. They are real flowers of the past. They seem to be blossoming in the landscape of Phaedra and Helen. They bend down, they brood like little chill fires. They are little living myths that I cannot understand.
After the cyclamens the Christmas roses are in bud. It is at this season that the cacchi* are ripe on the trees in the garden, whole naked trees full of lustrous, orange-yellow, paradisal fruit, gleaming against the wintry blue sky. The monthly roses still blossom frail and pink, there are still crimson and yellow roses. But the vines are bare and the lemon-houses shut. And then, mid-winter, the lowest buds of the Christmas roses appear under the hedges and rocks and by the streams. They are very lovely, these first large, cold, pure buds, like violets, like magnolias, but cold, lit up with the light from the snow.
The days go by, through the brief silence of winter, when the sunshine is so still and pure, like iced wine, and the dead leaves gleam brown, and water sounds hoarse in the ravines. It is so still and transcendent, the cypress trees poise like flames of forgotten darkness, that should have been blown out at the end of the summer. For as we have candles to light the darkness of night, so the cypresses are candles to keep the darkness aflame in the full sunshine.
*Diospiros
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Ginkgo biloba
Hoje no Jardim das Amoreiras . Lisboa
A folha desta árvore que de Leste
Ao meu jardim se veio afeiçoar,
Dá-nos um gosto de um sentido oculto
Capaz de um sábio edificar.
Será um ser vivo apenas
Em si mesmo em dois partido?
Serão dois que se elegeram
E nós julgamos num unidos?
P'ra responder às perguntas
Tenho o sentido real:
Não vês por meus cantos como
Sou uno e duplo, afinal?
Goethe
(tradução de Paulo Quintela)
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Homens que gostam de árvores
Tony Kirkham é o principal responsável por um dos mais extraordinários Arboretos do mundo, para além disso, é autor de muitas publicações e programas de televisão sobre árvores. Eu gosto particularmente destes pequenos e descomplicados vídeos em que Tony Kirkham apresenta, uma a uma, as suas árvores favoritas em Kew, tratando-as por tu, como se fossem as suas melhores amigas.
O Velho Castanheiro
A jovem Sequóia (esta, por sinal)
O Taxódio, ou Cipreste-calvo com as suas raízes respiratórias (pneumatóforos, que podem ser vistos no nosso Botânico da U. de Lisboa))
E até... A muito nossa Azinheira
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Tulipomania
Comprei Tulipas (bolbos, vá), metade vai passar uma temporada no frigorífico, a outra metade vai já para a terra. Os bolbos sabem muita coisa mas deixam-se enganar com facilidade. Depois explico.
domingo, 28 de novembro de 2010
sábado, 27 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Assinai, vá!
É, para mim, um mistério muito grande que esta petição em defesa do Jardim Botânico - o único Monumento Nacional, que eu conheço, onde podem ser vistas, ao vivo e a cores, entre muitas outras coisas: Flores de Alcaparra, Tâmaras-da-China, Dietes bicolor e as não menos surpreendentes bagas azuis da Dianella tasmanica - não tenha reunido ainda as 4000 assinaturas necessárias para levar o caso à Assembleia da República.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Já foi há um ano...
Little things.
Maybe I'm crazy, but...
When I was a little girl, my mom
told me that I was always late to school.
One day she followed me to see why...
I was looking at chestnuts falling from the trees,
rolling on the sidewalk, or...
ants, crossing the road...
the way a leaf casts a shadow on a tree trunk...
Little things.
I think it's the same with people.
I see in them little details, so specific to each other,
that move me, and that I miss, and...
will always miss.
You can never replace anyone,
because everyone is made of such beautiful specific details.
Like I remember the way...
your beard has a little bit of red in it.
And how the sun was making it glow that...
that morning, right before you left.
I remember that, and...
I missed it!
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
sábado, 13 de novembro de 2010
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Pois...
A vegetable garden in the beginning looks so promising and then after all little by little it grows nothing but vegetables, nothing, nothing but vegetables.
Gertrude Stein (1874 . 1926)
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Ainda o Carvalho iluminado
Um Carvalho iluminado, como este, deve estar só ou em melhor companhia, ninguém me tira da cabeça que um Carvalho só é verdadeiramente feliz com uma Tília à sua altura, não lembra a ninguém, condenar um Carvalho iluminado a viver toda a sua vida com uma Tuia pesadona que tudo fará para o sufocar. Para um Carvalho ser feliz é absolutamente necessária a proximidade de uma Tília feliz.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Se deste Outono
René Magritte
Les Princes de l'automne . 1963
Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.
Eugénio de Andrade
domingo, 7 de novembro de 2010
Un peu de sorcellerie...
Myrtus communis
Em tempos de crise que melhor conselho se pode dar do que o de aproveitar tudo o que temos à mão?
Alguns frutos da época muito frequentes nos nossos campos e jardins são pura e simplesmente ignorados, para não dizer desprezados. Refiro-me por exemplo aos medronhos, pilritos (que podem ser vistos no postal anterior) e mastruços ou murtinhos (nomes pelos quais em alguns locais são conhecidas as pseudobagas da murta). No entanto são frutos com sabores interessantes, ricos em nutrientes importantes e com reconhecidas qualidades medicinais daquelas que tantas vezes vamos procurar em produtos menos naturais, exóticos ou pouco acessíveis.
Mesmo assim, encontrei algumas receitas em que é utilizado o fruto da murta, aqui ficam duas:
também conhecido pelo nome "Arrabidino"
(para um litro de licor)
Apanham-se as murtas e retiram-se as bagas.
Juntam-se umas três mãos-cheias de bagas e deixam-se a macerar durante cerca de oito dias, num recipiente, em que se deitaram uma chávena de aguardente (mais ou menos um decilitro), água a ferver e açúcar a gosto.
(Segundo o livro "Medicina pelas Plantas" do Dr. Oliveira Feijão, este licor é mais adequado para ser bebido no início das refeições.)
(Segundo o livro "Medicina pelas Plantas" do Dr. Oliveira Feijão, este licor é mais adequado para ser bebido no início das refeições.)
Tarte de Outono
40g de manteiga;
460g de massa brisée estendida (2 rolos);
200g de bagas de murta;
150g de uvas passas;
75g de açúcar;
4 colheres de sopa de gelatina de maçã;
1 colher de sopa de essência de baunilha;
1 laranja;
Untar com manteiga uma tarteira e forrar o fundo e os lados com uma roda de massa e pôr no frigorífico.
Com a outra roda de massa, fazer tiras e entrelaça-las para formar uma grelha.
Numa terrina, juntar as bagas de murta com as passas de uva e o açúcar.
Juntar a gelatina de maçã, diluída em 10cl de água, a baunilha e a raspa de laranja, e misturar muito bem todos os ingredientes.
Pré-aquecer o forno a 220°C.
Dispor a mistura de fruta em cima da massa e distribuir a manteiga em pedaços por cima da fruta.
Dispor a grelha de massa sob o recheio.
Fechar a tarte virando as pontas para dentro.
Levar ao forno durante 15 minutos a 220ºC.
Baixar a temperatura para 180°C e deixar cozer durante mais 20 minutos.
Sirva a tarte morna.
460g de massa brisée estendida (2 rolos);
200g de bagas de murta;
150g de uvas passas;
75g de açúcar;
4 colheres de sopa de gelatina de maçã;
1 colher de sopa de essência de baunilha;
1 laranja;
Untar com manteiga uma tarteira e forrar o fundo e os lados com uma roda de massa e pôr no frigorífico.
Com a outra roda de massa, fazer tiras e entrelaça-las para formar uma grelha.
Numa terrina, juntar as bagas de murta com as passas de uva e o açúcar.
Juntar a gelatina de maçã, diluída em 10cl de água, a baunilha e a raspa de laranja, e misturar muito bem todos os ingredientes.
Pré-aquecer o forno a 220°C.
Dispor a mistura de fruta em cima da massa e distribuir a manteiga em pedaços por cima da fruta.
Dispor a grelha de massa sob o recheio.
Fechar a tarte virando as pontas para dentro.
Levar ao forno durante 15 minutos a 220ºC.
Baixar a temperatura para 180°C e deixar cozer durante mais 20 minutos.
Sirva a tarte morna.
sábado, 6 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Folhas
Elas andam a monte... Indisciplinadas, anárquicas, provocadoras; nos passeios, nas estradas, nas varandas alheias, por cima dos carros e até nas cabeças de algumas madames; sugerindo brincadeiras, jogos e fantasias - Indiferentes às barulhentas máquinas de fazer ventos fortes com que os funcionários da câmara, temendo provavelmente o contágio à população ordeira, tentam sem sucesso dar-lhes um rumo.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
De visita ao jovem Tulipeiro
Liriodendrum tulipifera
Algumas árvores são quase como se fossem da família: Nunca nos esquecemos de as visitar, vemo-las crescer e, a algumas, até nascer, não são necessárias palavras para saber se a vida lhes corre bem e conseguem sempre contagiar o nosso estado de espírito. Hoje visitei o Tulipeiro do alto do parque para me certificar de que o Outono lhe corre de feição.
Pergunto-me, se o facto de estar a crescer inclinado não lhe vai trazer complicações no futuro, numa cidade em que as árvores se querem direitinhas e normalizadas.
Pergunto-me, se o facto de estar a crescer inclinado não lhe vai trazer complicações no futuro, numa cidade em que as árvores se querem direitinhas e normalizadas.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
As a space to occupy
Se eu soubesse pintar como o Michael Lin, pintava isto, ou alguma coisa parecida, no tecto da minha casa.


















































