A infância é um sentimento em que todas as coisas regressam à luz originária. Para os meus olhos de criança, as coisas não eram exteriores, não existiam; viviam a via pura, que é só alma, intimidade, substância eterna, em vez de forma transitória. Este lápis de tinta azul deixava, na brancura fria do papel, um traço de luz maravilhosa, o espírito da cor. Ficava deslumbrado, a contemplá-lo...(...) Houve manhãs de primavera em que vi a Primavera...E houve noites em que via a Noite...Atemorizado, escondia-me entre os lençóis. Adormecia e sonhava que voava...
Teixeira de Pascoaes . "Livro de Memórias" (1928)
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