domingo, 13 de setembro de 2009

Tu és a terra

Tu és a terra em que pouso.
Macia, suave, terna, e dura o quanto baste
a que teus braços como tuas pernas
tenham de amor a força que me abraça.

És também pedra qual a terra às vezes
contra que nas arestas me lacero e firo,
mas de musgo coberta refrescando
as próprias chagas de existir contigo.

E sombra de árvores, e flores e frutos,
rendidos a meu gosto e meu sabor.
E uma água cristalina e murmurante
que me segreda só de amor no mundo.

És a terra em que pouso. Não paisagem,
não Madre Terra nem raptada ninfa
de bosques e montanhas. Terra humana
em que me pouso inteiro e para sempre.

Jorge de Sena . Londres 15 . 03 . 1973

1 comentário:

  1. Bem merecia que nos lembrássemos mais dele!
    Os seus restos mortais voltaram ao país que tanto amou. Mas, como alguém observou, quase de um modo clandestino. Como se tivesse sido alguém duvidoso...
    É para pensar!

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