domingo, 19 de abril de 2015

Este verde impossível de ser

Campo
A Alberto Martins de Carvalho


Este verde impossível de ser, 
Que alegre o camponês cultiva a prazo, 
Não dá sequer para me aborrecer 
Na extensão sem fim do campo raso. 

Sem fim, a vida, deixa-se correr 
Lisa e fatal, serena, sem acaso. 
E acontece o que tem de acontecer 
Como quem já da vida não faz caso. 

Nada se passa aqui de extraordinário: 
Tudo assim, como peixe no aquário, 
Sem relevo, sem isto, sem aquilo; 

Muito bucólico a favor da besta, 
O campo, sim, é esta coisa fresca... 
Coaxar de rãs, a música do estilo. 

Afonso Duarte

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