quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Claro-escuro


Esta brutalidade, e nada mais:
Sol e sombra - o binómio dos mortais

Miguel Torga | do poema `Claro-escuro`

sábado, 3 de novembro de 2018

Aos desarvorados

Jardim da Correnteza , Sintra 
Abate de freixo classificado de interesse municipal

Em Espanha, aqui há uns anos, estava em andamento o projecto de cortar as árvores que ladeiam as estradas, com o objectivo de diminuir o número de acidentes graves na circulação automóvel. Um sujeito, em vez de ir bater no tronco, voaria até ao campo e com isso, certamente, muita vida seria poupada. Foi por diante o projecto? Não sei. Só sei que me pareceu uma ideia tonta, talvez porque ainda não morri contra uma árvore.

Não deixar as árvores «virem» à estrada que resolve, afinal de contas? Haverá outras maneiras menos selvagens de poupar vidas: aperfeiçoar a mecânica dos carros, melhorar (ou açaimar) os cérebros dos condutores, etc.

Hoje, que é o Dia da Árvore, pensemos nas árvores que foram sacrificadas pela nossa colectiva e sôfrega tontaria. Qual de nós não terá uma querida ausente sob a forma de uma árvore que lhe acena de muito longe no tempo? Do recanto do jardim em que havia aquela árvore, lembras-te? Caducada a folha daqueloutra, recordas-te do fino desenho invernal que os teus olhos dela recortavam contra a lividez do céu? Pois olha, olha: agora no lugar dessa árvore, desencaixotaram um novo prédio. Conta-lhe as janelas, dá pasto melancólico aos teus tristes olhos de citadino encarcerado. Tens candeeiros. Que queres mais?

A Primavera já está a acender as suas árvores. Põe qualquer coisa como uma flor em qualquer coisa como uma lapela e sai de assobio para a rua. Sê atrevido — e levanta, nem que seja só em imaginação, a tua própria árvore nos sítios mais inesperados. E principalmente que ela atravanque tudo, suspenda a lufa-lufa dos negócios, se oponha, escandalosa, aos frenéticos automobilistas e os obrigue a fazer grandes desvios, para não baterem nela e nela acabarem por apodrecer encaixotados, como pobres mortais que são!

Alexandre O'Neill, Já cá não está quem falou (Assírio & Alvim, 2008)

sábado, 1 de setembro de 2018

Contradições

Quero desesperadamente dias claros e longos mas anseio a chegada das flores dos dias pequenos.

terça-feira, 15 de maio de 2018



É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Pablo Neruda

terça-feira, 10 de abril de 2018

Ver

Rafael . Cappella di San Severo (1505 /1508)

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Da ética

A thing is right when it tends to preserve the integrity, stability and beauty of the biotic community.  It is wrong when it tends otherwise.
 - Aldo Leopold - ‘Land Ethic’ 1949

quinta-feira, 15 de março de 2018

Desobediência civil II

A desobediência civil é um direito intrínseco do cidadão. Não ouse renunciar, se não quer deixar de ser homem. A desobediência civil nunca é seguida pela anarquia. Só a desobediência criminal com a força. Reprimir a desobediência civil é tentar encarcerar a consciência.

Gandhi

Desobediência civil

Será que o cidadão deve, por um único instante ou em última instância, renunciar à sua consciência a favor da legislação? Porque possui então o homem uma consciência? Eu acredito que primeiramente devemos ser homens, e só depois subalternos. Não é mais desejável cultivar um respeito pela lei do que pelo correcto. A única obrigação que tenho direito de assumir é fazer a qualquer momento aquilo que julgo certo.
Henry David Thoreau (1817-1862) . "A Desobediência Civil - Defesa de John Brown"

Sobre aquela estupidez do corte de árvores à volta das casas e das aldeias, agora não me ocorre mais nada.

Artemisia Gentileschi . Jael and Sisera (1620)

sábado, 3 de março de 2018

Aos que vierem depois de nós



Anton Tchekhov: Tio Vânia (1897)

quinta-feira, 1 de março de 2018

Inverno




segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Em defesa das árvores

Partout où l'arbre a disparu, l'homme a été puni de son imprévoyance. 
Chateaubriant (1768 - 1848)