Um pequeno cacto amarelo
Faucaria tigrina
1950, Fevereiro, 5
Ganho de presente um pequeno cacto amarelo, que pede só duas colherinhas d'água cada trinta dias. E não sobre si mesmo: sobre a areia em redor. Sem aspirar ao sol senão muito raramente.
-Me deixem ficar aqui no meu canto — parece dizer-nos — dispenso carinho.
Se não é belo, mostra-se pelo menos "áspero, intratável", como o grande exemplar de que fala Manuel Bandeira. E assim miúdo, assim agarrado à secura e ao isolamento voluntários, a gente já começa a sentir peninha dele, e a querer dispensar-lhe atenções mortais.
Carlos Drummond de Andrade . " O Observador no Escritório"
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