sexta-feira, 27 de abril de 2012

E acaba como começou


Com uma fotografia, tirada hoje, das mesmas Amarilis (Hippeastrum, para que haja rigor) que aqui publiquei pela primeira vez em Junho de 2005. Às vezes volta-se ao ponto de partida nem que seja para ter o prazer (ou a ilusão) de poder partir novamente.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Este blogue

Está a atravessar uma crise existencial.

A seriedade é uma doença e o mais sério dos animais é o burro.

Camilo Castelo Branco

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Flores famosas

Tsugouharu Foujita . Cyclamens (1917)

Este é o dia

Da revolução com nome de flor.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

De la fleur d'amour et des chevaux migrateurs

Il était dans la forêt une fleur immense qui risquait de faire mourir d'amour tous les arbres
Tous les arbres l'aimaient
Les chênes vers minuit devenaient reptiles et rampaient jusqu'à sa tige
Les frênes et les peupliers se courbaient vers sa corolle
Les fougères jaunissaient dans sa terre.
Et telle elle était radieuse plus que l'amour nocturne de la mer et de la lune
Plus pâle que les grands volcans éteints de cet astre
Plus triste et nostalgique que le sable qui se dessèche et se mouille au gré des flots
Je parle de la fleur de la forêt et non des tours
Je parle de la fleur de la forêt et non de mon amour
Et si telle trop pâle et nostalgique et adorable aimée des arbres et des fougères elle retient mon souffle sur les lèvres c'est que nous sommes de même essence
Je l'ai rencontrée un jour
Je parle de la fleur et non des arbres
Dans la forêt frémissante où je passais
Salut papillon qui mourut dans sa corolle
Et toi fougère pourrissante mon coeur
Et vous mes yeux fougères presque charbon presque flamme presque flot
Je parle en vain de la fleur mais de moi

(... a suivre)
Robert Desnos




Estava na floresta uma flor enorme que podia matar de amor todas as árvores
Todas as árvores a amavam
Os carvalhos à meia-noite transformavam-se em répteis e rastejavam para perto do seu caule
Os freixos e os choupos curvavam-se sobre a sua corola
Os fetos amareleciam na terra.
E ela brilhava mais do que o amor nocturno do mar e da lua
Mais clara do que os grandes vulcões extintos desse astro
Mais triste e nostálgica do que a areia que se seca e molha na maré
Eu falo da flor da floresta e não das torres
Eu falo da flor da floresta e não do meu amor
E se a tal claridade nostálgica amada pelas árvores e pelos fetos me deixa sem fôlego é porque nós somos da mesma espécie
Eu encontrei-a um dia
Eu falo da flor e não das árvores
Na floresta fremente onde eu passava
Olá borboleta que morreu na sua corola
E tu feto apodrecido meu coração
E vocês meus olhos fetos quase carvão quase chama quase onda
Eu falo em vão da flor mas de mim


(traduzido por mim e à minha maneira)

Guy Bourdin (1928 - 1991)

Da série - aqueles que nos ensinaram a ver.

Das árvores que eu vi nascer (6)


sábado, 21 de abril de 2012

O Prado da justiça



Substituir o relvado tradicional por prados faz parte do plano proposto há muito pelo Arq. Ribeiro Telles para o famigerado corredor verde.  O relvado do Palácio da Justiça deu lugar a este prado colorido. Que o saibam admirar e manter é o que eu espero.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O dia deu em chuvoso

Daucus carota L.

Anagallis arvensis
(O barómetro dos pobres porque a flor fecha quando se aproxima mau tempo)

Bem sei, a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.


Álvaro de Campos do poema "Trapo"

Tempo de orquídeas bravas no jardim

Cephalanthera longifolia


Gregory Crewdson

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Palavras...

Eternidade
Espaço de tempo sem príncipio nem fim.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Todo o estado de alma é uma paisagem


Todo o estado de alma é uma paisagem. Isto é, todo o estado de alma é não só representável por uma paisagem, mas verdadeiramente uma paisagem. Há em nós um espaço interior onde a matéria da nossa vida física se agita. Assim uma tristeza é um lago morto dentro de nós, uma alegria um dia de sol no nosso espírito. E - mesmo que se não queira admitir que todo o estado de alma é uma paisagem - pode ao menos admitir-se que todo o estado de alma se pode representar por uma paisagem. Se eu disser "Há sol nos meus pensamentos", ninguém compreenderá que os meus pensamentos são tristes. 

Fernando Pessoa. "Cancioneiro"

segunda-feira, 16 de abril de 2012

domingo, 15 de abril de 2012

No Prado



No prado No PradoNo PradoNo PradoNo PradoNo Prado
No PradoNo PradoNo PradoNo PradoNo PradoNo Prado
No PradoNo PradoNo PradoNo Prado No Prado No Prado
 No Prado No Prado No PradoNo Pradono PradoNo Prado
No Prado, um álbum no Flickr.

Domingo irei



(...)
Não no nosso domingo,
Não no meu domingo,
Não no domingo...
Mas sempre haverá outros nas hortas e ao domingo!

Álvaro de Campos

Em todos os jardins

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.
Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.
Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.
Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.

Sophia de Mello Breyner 

sábado, 14 de abril de 2012

As cores do Outono na Primavera

(todas as fotografias foram tiradas hoje)

Já estes (os meus adorados choupos) desconfio que nunca se dariam bem numa cidade... Mas não é sobre isso que eu hoje quero falar.
Neste momento estão-lhes a nascer as primeiras folhas do ano, e, espantem-se, são cor-de-laranja durante um curto espaço de tempo depois ficam verdes até ao fim do Verão e finalmente amarelas no Outono... Há coisas fantásticas, não há?

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Meninas das cidades

 Pyrus calleryana 'Chanticlee'


Hoje não tenho tempo nem pachorra, mas um dia direi tudo o que tenho a dizer sobre estas pereiras cosmopolitas e bem comportadinhas.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Da utilidade da EMEL


Avisam-se os lisboetas que na zona 024 estão neste momento a florir as Robínias

Apetece-me uma Neutron Star Collision


(mas sem vampiros sff.)

Da vida das palavras

A word is dead
When it is said,
Some say.

I say it just
Begins to live
That day.

Emily Dickinson

quarta-feira, 11 de abril de 2012