terça-feira, 28 de abril de 2015

Aprender com as plantas

Terceira lição: Generosidade

Back to Nature

(...) Thus we box ourselves out of the natural world. We become resistant to the experiences that nature has to offer; its spontaneity and serendipity, its unscripted delights, its capacity to shake us out of the frustrations and humiliations, which are an inevitable product of the controlled and ordered world we have sought to create (...)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Na varanda

Há por esta altura: Verde, pardais e amores perfeitos.

Aromoterapia


Thymus x citriodorus

São minúsculas e lindas as primeiras flores do Tomilho limão a minha aromática favorita.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Coisas da vida deste blogue

Ando, vá lá saber-se porquê, sem nenhuma vontadinha de fotografar o que se passa à minha volta.  Continuando assim este blogue, naturalmente, definhará.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Campo


domingo, 19 de abril de 2015

Este verde impossível de ser

Campo
A Alberto Martins de Carvalho


Este verde impossível de ser, 
Que alegre o camponês cultiva a prazo, 
Não dá sequer para me aborrecer 
Na extensão sem fim do campo raso. 

Sem fim, a vida, deixa-se correr 
Lisa e fatal, serena, sem acaso. 
E acontece o que tem de acontecer 
Como quem já da vida não faz caso. 

Nada se passa aqui de extraordinário: 
Tudo assim, como peixe no aquário, 
Sem relevo, sem isto, sem aquilo; 

Muito bucólico a favor da besta, 
O campo, sim, é esta coisa fresca... 
Coaxar de rãs, a música do estilo. 

Afonso Duarte

Os poetas pertencem à natureza

Zéfiro e Flora . William Adolphe Bouguereau (1875) . Zéfiro e Flora 



Viver é ser criança, ouvir falar as árvores e as fontes, ver as asas do zéfiro, o perfil da aurora. Viver é identificar tudo à nossa pessoa, que é uma síntese do Universo, o Universo dado numa flama anímica.

Teixeira de Pascoaes

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Triste

Já me envenenaram cães suficientes para ter logo percebido que isto nunca iria funcionar num lugar onde andam portugueses à solta.

A Robínia em flor (porque elas andam por aí)

 
Robinia pseudoacacia
The Locust Tree in Flower
Second version

Among
of
green

stiff
old
bright

broken
branch
come

white
sweet
May

again.

William Carlos Williams . "Kora in Hell."

Uma questão de escala

 Scilla speciosa Samp. ( Scilla peruviana L.)

domingo, 12 de abril de 2015

Abril


quinta-feira, 9 de abril de 2015

Em Lisboa

Foi declarada guerra às árvores.
Hoje: 10 carvalhos abatidos na Rua Francisco Manuel de Melo

terça-feira, 7 de abril de 2015

O lódão de Eugénio de Andrade

Porto, Rua duque de palmela 111 (a porta castanha) e o lódão reposto nos anos 80 
(fotografia do mapa da Google)

A "ácida melancolia"é também a minha hoje em Lisboa. As palavras que se seguem, claras, são as do poeta:


(...) tinha em frente da varanda do meu quarto um lódão enorme, onde os pássaros me despertavam. (...)  o lódão foi sacrificado a maçarico aos deuses da Tecnologia - os donos da oficina de reparação de automóveis necessitavam de espaço para consertar viaturas na rua. Viva o Progresso e morram esses idiotas que pensam que uma árvore é mais importante do que um automóvel!
  (entrevista concedida a Helena Vaz da Silva (Expresso, 27/5/78)

- Num dos seus poemas diz que os homens merecem tudo. Acha que conseguiu aquilo que merece?
- Sei lá o que mereço. De qualquer modo quis sempre muito pouco. Queria uma árvore, uma árvore carregada de pássaros. Havia uma aqui na rua, mesmo em frente da janela do meu quarto, não havia estação que não passasse por ela, não havia ave que ali não pousasse para me despertar. Derrubaram-na para arrumarem mais automóveis. (...) Este país odeia as árvores: Quando não as arranca, deita-lhes fogo. É mais uma das suas virtudes. 
  (entrevista concedida a Antónia de Sousa (Diário de Notícias, 1983)

Aqui arrancam-se as árvores como se fossem ervas daninhas. Em frente da minha casa havia uma de ramagens vigorosas que me entravam pela varanda. Os pássaros, o que temos de mais próximo dos anjos, estavam ali de manhã cedo a lembrar-me  que, na minha poesia, os melhores versos lhes pertenciam. Arrancaram-na, e arrancaram outra ao lado, e outras mais adiante. A Câmara mandou arranjar os espaços para se arrumarem mais carros. (...) A estética camarária tem destas preferências. Sr. Presidente!: sou um cidadão que paga pontualmente os seus impostos, tenho direito a uma árvore em frente da minha porta em vez de um monte de lixo. Reclamo da Câmara, para me reconciliar com a cidade, uma árvore. E não quero uma árvore qualquer: exijo um jacarandá! Para que a sua flor me anuncie perpectuamente o Verão.
  (sobre a relação com o Porto, sem data)

(...) Se falei de árvores com ácida melancolia é porque me derrubaram uma das que mais amei na vida, o velho lódão que me entrava pela varanda e dava notícia das estações. O móbil foi, naturalmente, atravancar a rua com mais automóveis (...). Levei anos e anos a lamentar-me, até que, não há muito ainda, numa cerimónia em que, surpreendentemente, me fizeram cidadão honorário do Porto, disse ao Presidente da Câmara que preferia uma árvore à porta do que a medalha de ouro da cidade, com que me distinguia e honrava toda a vereação. Ele prometeu-me outro lódão e cumpriu a promessa, deus seja louvado. Agora a casa onde moro é fácil de descobrir: tem um troncozito despido que lembra um poema meu, exíguo e desamparado.
  "A cidade de Garrett" (1993)

A um lódão da minha rua

Ninguém tem corpo mais fino,
nem braços tão delicados
como este lódão
crescendo com vigor à minha porta.
Tenho com ele desvelos de namorado,
limpo-o de ervas daninhas,
rego-lhe a terra ao calor de Agosto,
alegro-me a cada rebento novo,
cada folha recente. Cresce e cresce
em esplendor, certo de ser amado. 
  "Rente ao Dizer", (1992)

(...) Não, não espero, se mudar de residência, vir a ter saudades da Rua Duque de Palmela, a não ser talvez do pequeno lódão que, gentilmente, a Câmara voltou a plantar-me à porta.
  (em entrevista dada pouco antes de mudar para o Campo Alegre)

Filiação

Sol e água, a filiação natural de todas as plantas. A mãe é o Sol e a água o pai.

Uma planta que vive na sombra passa toda a vida à procura da mãe e, na maior parte das vezes, não consegue florir. Salva-lhe a vida o pai.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Desabafos

Mais um dia a acordar com o barulho infernal das motosserras, mais uma vez a confirmação de que as árvores da minha cidade estão nas mãos de  incompetentes (ou apenas ignorantes, vá), mais duas árvores abatidas na minha rua (uma delas sem aviso), podas totalmente desajustadas, ofensas, acusações, ameaças (se algum ramo cair a responsabilidade é sua, diz-me amuada a "técnica" da junta a quem eu peço para não podar exageradamente uma Nogueira negra).... Tenho muita vontade de desistir das árvores da minha cidade, vontade de deixar Lisboa. 
Mas enquanto cá estiver vão ter de me ouvir.