sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Florir em Setembro


Urginea maritima L.

São poucas as plantas que conseguem florir nos solos áridos do fim do verão. Os passeios pelos campos trazem cada vez menos novidades, algumas bagas e frutos, as sementes das anuais para colher e pouco mais.... Mas neste cenário desolador está prestes a surgir uma personagem surpreendente que sem dificuldade se tornará na protagonista deste final de estação. É a Cebola-albarrã; Cebola-do-mar ou Cila. Com invulgar energia e determinação, esta flor rasga o solo seco e muitas vezes petrificado, tornando-se em poucos dias numa magnífica flor com mais de um metro de altura (na verdade uma inflorescência com cerca de uma centena de flores).

(continua)

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Plantas úteis sem utilidade

Ceratonia siliqua L.
Alfarrobeira; Figueira-do-Egipto; Fava-rica

Tenho uma Alfarrobeira muito generosa, todos os anos desperdiço uma enorme quantidade de alfarroba porque não faço ideia do que fazer com ela... Não me venham com histórias de bolinhos e tal... Essas coisas são feitas com farinha de alfarroba. Será que a alfarroba triturada naquela máquina infernal de jardinagem, que eu nunca usei, dá um bom adubo?
Este ano vou guardar algumas sementes e fazer Alfarrobeirazinhas.
A produção de Alfarroba está a diminuir drásticamente, e a ser substituida por outras culturas porventura menos úteis e com consequências nefastas para os solos e economia dos países produtores. Porquê que a Alfarroba deixou de ser util?

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Mágicas na horta


Solanum melongena . Solanaceae
Se há família botânica que me fascina, ela é sem dúvida nenhuma a das Solanáceas, a nightshade family como lhe chamam os Ingleses é a família das plantas mágicas, das plantas ligadas a superstições e rituais, das plantas que matam e simultaneamente curam e é também a família de algumas das principais plantas que constituem a cada vez mais famosa dieta mediterrânica. Os tomates, os pimentos, as batatas e as beringelas, todos originários de outros continentes, foram introduzidos na Europa com as enormes desconfianças que as plantas desta família causam às mentes supersticiosas. A beringela, originária da Índia, dizia-se que provocava a loucura, daí o seu primeiro nome cientifico -Solanum insanum - e o comum Mela insana (maçã louca) que gerou o actual Melanzana. Actualmente estão a ser profundamente investigados os enormes benefícios da beringela na alimentação, já ninguém duvida das qualidades alimentares das solanáceas que cultivamos para comer, no entanto, porque não acreditamos em bruxas, pero que las hay ... O Sr. joão que este ano pela primeira vez plantou beringelas na sua horta -Porque se vendem na praça - Nunca as provou e não tem muita vontade de experimentar.....

domingo, 19 de agosto de 2007

Linho da Nova Zelândia

Phormium tenax
Esta já é uma planta comum nos nossos espaços verdes, é cultivada como ornamental e cumpre a tarefa irrepreensivelmente, principalmente quando exibe as suas enormes flores que chegam a ter 5 metros de altura.

É originária da Nova zelândia mas por lá as Phormium não servem apenas para enfeitar, desempenham há muito um importante papel na cultura, história e economia. Já no sec. XVIII o Capitão Cook descrevia a forma como os Maori produziam todo o seu vestuário com as folhas destas plantas e referia como serviam para fabricar, utensílios, armas, cestos (phormium em grego é cesto), cordas, linhas, redes para a pesca e as suas utilizações medicinais e na alimentação.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Árvore 2007

Liquidambar styraciflua e um amigo

Todos os anos tento introduzir uma nova espécie de árvore no meu jardim, tarefa muito inglória em terra de clima e solo árido e cruel, Mas a par dos desaires tenho tido algumas boas surpresas e os inesperados casos de sucesso fazem-me continuar. Este foi o ano da Liquidambar styraciflua, no Outono passado em Paris encantei-me com a cor das folhas desta árvore e quando no Inverno encontrei num local de confiança um bonito exemplar já com um tamanho considerável decidi que esta seria a árvore de 2007. Foi plantada na altura certa (antes do aparecimento das folhas) em local devidamente escolhido e preparado, cuidadosamente regada e apesar dos fortes ventos que se sentiram este ano, encheu-se de folhas com a forma de estrelas de um verde sem complexos, e ganhou amigos aqui no jardim que até a querem imitar.

domingo, 12 de agosto de 2007

Nome de planta

Calluna vulgaris L.
Torga


Universal é o local sem paredes…
M. Torga

sábado, 11 de agosto de 2007

Dos nomes


Pronunciando tu nombre te poseo

no ganas nada con huir de mí

puesto que como dice el título de este poema
pronunciando tu nombre te poseo

Nicanor Parra »

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

De amor


Mirabilis jalapa L.

Calculo que o Sr. L. não nomeou todas as plantas com o mesmo estado de espírito, suponho que teria as suas favoritas e que por vezes se deixava fascinar pelo perfume, pelo reflexo do sol numa pétala ou por outra qualquer trivialidade que as flores tão bem sabem utilizar para confundir os humanos, porque o Sr. L. apesar de ter em mãos a tarefa divina de nomear todos os seres vivos era humano. Quando, a esta flor que só desvenda a sua beleza a determinadas horas do dia, decide chamar Mirabilis jalapa, o Sr. L. estava com toda a certeza apaixonado por ela, só assim se justifica este nome inesquecível, digno de uma heroína numa obra do Realismo Fantástico Latino-americano.




"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam fogo;
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e
Leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores.
E graças a teu amor, vive oculto em meu
Corpo o apertado aroma que ascende da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde.
Te amo diretamente sem problemas nem orgulho;
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim, deste modo, em que não sou nem és.
Tão perto de tua mão sobre meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com
Meu sonho..."

Pablo Neruda . Cem Sonetos de Amor (1959)

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

verde vivo


Escolher uma cor para definir Lisboa e os lisboetas, exclui logo à partida o verde, esta não é nem para o poeta mais optimista a cor de Lisboa, pode-se admirar o azul do Tejo e dos azulejos, achar monótonas as casas de várias cores, até já lhe chamaram a cidade branca..... Mas verde, não.

No entanto nunca uma Câmara de Lisboa se preocupou tanto com o verde como esta recentemente eleita, fala-se até na preocupação em “esverdear Lisboa” e na importância de “pensar verde”. Está finalmente escolhido o vereador para os espaços verdes, Sá Fernandes, Zé, como quer ser conhecido pelos lisboetas, foi incumbido de esverdear Lisboa e mais difícil ainda, os Lisboetas. Espero muito sinceramente que agarre a oportunidade com a força que ela exige e mais do que esverdear Lisboa, é urgente que os espaços da responsabilidade do Zé se tornem espaços de vida, que os Lisboetas se apercebam da importância de conhecer, tratar por tu e preservar os seus poucos monumentos vivos. A cor, afinal, é o que menos interessa.
A propósito, quem é que conhece as Árvores que a Maria Lua refere neste comentário?

terça-feira, 7 de agosto de 2007


Este é o meu Ipê mais desenrascado, plantado ao mesmo tempo que as Paineiras vermelhas das imagens em baixo mas bastante mais pequeno. As etiquetas que os identificavam cairam por isso não sei se é um Ipê amarelo ou rosa ....

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Fazer pela vida


Bombax ceiba . semeada em 8\11\2005 . nascida em 26\11\2005
É por esta e outras que este Blog (me) faz sentido, esta menina, descendente das melhores famílias Indianas, com os familiares mais próximos naturalizados no Brasil , está finalmente a fazer-se uma arvorezinha, e a sua vida está por aqui toda documentada, senão vejam:
1 . 2 . 3 . .....

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Maculado


Há muito pouco de jardineiro em mim, os jardineiros orgulham-se dos seus jardins imaculados, sem uma folha pelo chão. Eu tenho pena de apanhar o lixo, é tão bonito o lixo do jardim.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Malvaísco



Althaea rosea L. ou Althaea ficifolia

O nome Althaea (do Grego - althaia - Curandeira) refere as conhecidas propriedades medicinais de algumas Malváceas que no caso da Althaea Officinallis é mesmo redundante. As Alteias ou Malvaísco (referidas às vezes como Malvavisco, penso que por engano ou confusão com um outro género , os Malvaviscus) também conhecidas por Malva-real ou Malva-da-Índia, são provenientes da da Ásia, calculo que o nosso Garcia de Orta as deve ter encontrado pela Índia e tomado conhecimento das suas virtudes medicinais muito superiores às das Malvas. Durante a idade média as Alteias são introduzidas na Europa, cultivadas nos jardins dos simples dos mosteiros, a espécie aclimatou-se fácilmente por cá, rápidamente foge dos canteiros dos austeros Jardins e torna-se uma planta espontânea.