quarta-feira, 30 de abril de 2008

Concordo


Os cactos e o acordo ortográfico. 

" Encalhei na evidência de que, com a entrada em vigor do novo acordo ortográfico, os meus cactos vão passar a ser os meus catos. Isto não é aceitável. Vivo bem com a desifenização, suporto o ótimo e até confesso uma certa excitação com o exato. (...) Mas catos, desculpem lá, não é coisa que se apresente."

terça-feira, 29 de abril de 2008

Piropos


Hoje de manhã um Jacarandá descarado, piscou-me o olho azul.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

As flores do mês * Abril

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1 . 2 . 3
4 . 5 . 6
7 . 8 . 9

1 . Rosas 
Esta foi uma relação complicada e ainda mal resolvida. Calculo que no meu segundo ou terceiro mês de Abril, se tenham apressado a apresentar-me a dita flor... Fiquei desconfiada, lembro-me principalmente do cheiro, aquilo não era definitivamente cheiro de gente, como é que ela então podia ter o meu nome! Decidi então ignorar a existência daquela flor que tudo fazia para me baralhar, ainda hoje temos uma relação distante, mas a coisa - mais dia menos dia- resolve-se.

2 . Armérias 
Os primeiros dias de praia calham quase sempre em Abril, é precisamente nessa altura que elas estão lá (à flor do mar), doces e perfumadas, para nos receber, se não fosse por mais nada, isto chegava bem para as tornar inesquecíveis. 

3 . Malmequer
São as flores para a primeira lição (sobre flores) das nossas vidas, pobres daqueles que não guardam nas suas recordações de infância alguns Mal-me-queres.

4 . Papoilas 
Uma das minhas recordações de infância mais fortes e recorrente, é aquela em que existe um prado, um cão, amigos e Papoilas. Só pode ter sido em Abril que é o mês dos prados.

5 . Antirrhinum 
A par das Papoilas esta sempre foi a minha flor preferida, chamam-lhe coelhinhos, ou num registo mais pesado boca-de-Leão, há lá coisa de que uma criança goste mais do que uma flor com nomes destes e com uma boca que se abre de verdade cada vez que cumprimenta uma abelha.

6 . Dedaleira
As saudades que eu tenho de encontrar dedaleiras pelos campos, o meu pai traduzia o nome Inglês e chamava-lhes luvinhas de raposa o que redobrava o efeito fantástico que estas flores só por si produzem no imaginário infantil, estas eram, (são ainda) as flores que povoam as fábulas...No tempo em que os animais falavam.

7 . Amores-perfeitos
Estas metiam-me medo, havia qualquer coisa de diabólico nos Amores-perfeitos. Com algumas flores fazia ramos coloridos que gostava de oferecer à minha mãe; outras pareciam-me perfeitas para dissecar em experiências de cariz, vá lá, científico; outras secava entre as folhas dos livros, havia até algumas que gostava de provar. Aos fascinantes Amores-perfeitos não me atrevia nem a tocar.
Recordo-me bem de os observar, longamente, a alguma distância... Talvez fosse o nome que me preocupava, já nessa altura (amor) era uma palavra a utilizar com precaução; a conjugação das cores e tons era sempre perfeita; as pétalas pareciam feitas de veludo; o tamanho era definitivamente o melhor tamanho que uma flor pode ter, nem pequeno de mais, nem grande ou ostensivo; admirava o facto de se manterem sempre modestamente rente ao chão; como não lhes tocava nem me aproximava muito, nunca me apercebi do seu maior defeito -enquanto flor- a ausência de cheiro, por isso achava-as mesmo perfeitas sem tirar nem pôr, e não lhes tocava não sei se por medo, se por respeito. 

8 . Cravos
Serão para sempre recordação de Abril, já aqui disse que acho lindo uma revolução ter nome de flor e espero que assim continue.

9 . Madressilva
Nascem em grandes tufos à beira dos caminhos, pelo menos é lá que me lembro delas, são estranhas, atípicas, parece que vieram de outro planeta, com elas aprendi a gostar de flores estranhas. Têm um cheiro mágico que nunca se esquece e que me leva a procurá-las no mês de Abril sempre no mesmo local, onde cada vez há menos porque homens sem sentimentos insistem em construir prédios de muitos andares com vista para o mar, às custas das bravas Madressilvas que para eles nada valem.

Livro sobre nada


Hoje completei 10 anos. Fabriquei um brinquedo com palavras. Minha mãe gostou. É assim:

De noite o silêncio estica os lírios.


Manoel de Barros . "Livro Sobre Nada" (Arte de Infantilizar Formigas),1996, pág. 29.

O dia deu em chuvoso


Trapo

O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.

Antecipação! Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.
Bem sei, a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros — isso tenho eu em mim.

Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afetos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.

Álvaro de Campos . "Ficções do Interlúdio"

domingo, 27 de abril de 2008

Bravas Rosas



Rosa canina L.

Silva-macha, Rosa-de-cão, Silvão, Rosas-bravas

São - não podiam deixar de ser - as minhas Rosas preferidas, porque nascem espontaneamente onde lhes apetece, e em Abril surpreendem-me nos locais mais inesperados.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Abril



Este é o mês de todas as flores, não é difícil a escolha das 9 flores do mês. Mas, só para complicar um bocadinho a coisa, decidi procurar as flores de Abril que fazem parte das minhas memórias de infância, as flores dos tempos em que Abril era o mês dos Morangos, das Papoilas, das brincadeiras e pouco mais. Vamos lá ver se as consigo encontrar.

Árvores Felizes #4


Nos Kew gardens, claro!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A Poison Tree

I was angry with my friend:
I told my wrath, my wrath did end.
I was angry with my foe:
I told it not, my wrath did grow.

And I watered it in fears
Night and morning with my tears,
And I sunned it with smiles
And with soft deceitful wiles.

And it grew both day and night,
Till it bore an apple bright,
And my foe beheld it shine,
And he knew that it was mine .

And into my garden stole
When the night had veiled the pole;
In the morning, glad, I see
My foe outstretched beneath the tree.

William Blake . "Songs of Experience" (1794)

Cidades com árvores



MAD2006 CRW_4319-01, originally uploaded by ianthegecko.
Baobás em Morondava

cidades com árvores



Jacaranda City, originally uploaded by Ockert.
Jacarandás em Pretória

Cidades com árvores


Palmeiras em Marrakesh

domingo, 20 de abril de 2008

cidades com árvores



Notre Dame et Printemps, originally uploaded by Patrick T Power.
Castanheiros-da-Índia em Paris

Cidades com árvores



Mercati di Traiano, originally uploaded by iessi.
Pinheiros em Roma

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Cidades com árvores



IMG_1099, originally uploaded by sensi1.
Robinias em Sidney

De cabeça no ar

Porque as Robinias estão a florir.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Importação de papoilas

Eschscholzia californica

As Papoilas-da-Califórnia são, como o nome indica, papoilas de importação. Pessoalmente não tenho nada contra a importação de flores para jardinagem, mesmo sem conhecimentos suficientes que me permitam avaliar o perigo que a introdução de espécies exóticas constitui para os nossos ecossistemas, acho que a jardinagem não deve ser responsabilizada pelos graves desastres ecológicos que afectam o nosso país. No entanto fica aqui a minha opinião pessoal: As papoilas encarnadas já naturalizadas - mas cada vez mais raras -  nos nossos prados e baldios são muito mais espantosas do que estas.

domingo, 13 de abril de 2008

Sucedâneos

Silene littorea Brot.

Vamos então siderar
ervas dormentes.
Vamos plantar
leguminosas
que dão à terra morta vida às plantas

Vamos.
O coração não se perde.
Vamos dar fuga à alma
nos caules adjacentes.

Ruy Cinatti . "corpo - alma"

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Instabilidade



Hoje de manhã:
8.30 - Aguaceiros, o sol tenta escapar-se sorrateiramente entre as raras abertas, o arco-íris dá um ar da sua graça e salva-me a manhã. (primeira fotografia, pretexto para a seguinte troca de ideias no banco de trás: "Que vergonha, ela agora tira fotografias à porta da escola!" - resposta pronta - "Não é grave, estamos atrasados, já não está aqui ninguém")


8.45 - O Céu é de chumbo, cinzento e pesado.

9.00 - Chuva da séria.

9.17 - Chuva pouco convincente, o sol consegue dar sinal de vida.

9.30 - Nem uma nuvem à vista, luz e azul, do mais sérios que há (segunda fotografia).

Tenho cá para mim... A certeza de que Abril tinha mesmo de ser o meu mês.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O Cipreste do Cesário Verde

A morada nova do Cesário é de pedra (...) À porta está um arbusto da família dos ciprestes - um brinde ao meu querido morto. Eu oferecera uma palmeira, que o vento esgarçou ao terceiro dia, e tive de escolher uma espécie resistente, cá da minha raça - fúnebre e resistente. Está verdejante e vigorosa a pequenina árvore, e de longe é uma sentinela perdida da minha doce amizade religiosa. De longe vou já perguntando à nossa árvore: " Está bom o nosso amigo?..." E ela inclina os pequeninos troncos, com a gravidade do cipreste: "Bem; não houve novidade em toda a noite..."

Silva Pinto . O Livro de Cesário Verde (prefácio)

Lembrei-me deste cipreste (será que ainda lá está?) quando li esta declaração que subscrevo sem pestanejar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Blog do século XIX

"Thoreau's Journal: 7-Apr-1853
If you make the least correct observation of nature this year, you will have occasion to repeat it with illustrations the next, and the season and life itself is prolonged."


O Diário de Thoureau em registo de blog, a blogosfera que me encanta afinal é do sec. XIX.


sexta-feira, 4 de abril de 2008

Jardim com indivíduos do século XIX


Um jardim sem indivíduos do sec. XIX - desta espécie - não é um jardim. É um espaço verde ou, na melhor das hipóteses, um projecto de jardim para o Sec. XXII.

Jardim com indivíduos do século XIX

*

Se andava no jardim
Que cheiro de jasmim!
Tão branca do luar!

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Eis tenho-a junto a mim.
Vencida, é minha, enfim,
Após tanto a sonhar...

Porque entristeço assim?...
Não era ela, mas sim.
(O que eu quis abraçar),

A hora do jardim...
O aroma de jasmim...
A onda do luar...

Camilo Pessanha . "Clepsidra"

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Jardim com indivíduos do século XIX

Abril é o mês dos prados


Prado, originally uploaded by contemplar.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Abril é o mês das flores

Armeria welwitschii