Encontrei, num relatório da OCDE que vasculhava por outras razões, estes dados sobre o papel pioneiro e promissor de Portugal na produção de energias renováveis (particularmente a eólica), não posso dizer que a informação me desagrade ou que a minha posição em relação a estes dados seja de alguma forma negativa. Mas tenho pena que nestes relatórios em que se avaliam essencialmente factores económicos não se tenha tentado avaliar o valor da paisagem que em Portugal foi sacrificada a esta actividade. Infelizmente o valor da paisagem ainda não pode ser quantificado (ou não convém que o seja).
"As energias renováveis avançaram a um ritmo impressionante desde 1990 e Portugal tornou-se líder europeu no que se refere à utilização de fontes de energia renovável, excluindo a energia hidráulica. A energia eólica, que tem sido o impulsionador subjacente a esta evolução, tem vindo a crescer a um ritmo de 52% ao ano desde 1990 em Portugal, face a 28% na Europa da OCDE. (...) Consequentemente, as emissões de CO2, em particular as resultantes da produção de eletricidade, têm diminuído desde 2005 e são relativamente baixas em Portugal .
O avanço em matéria de energias renováveis representa uma promessa para Portugal, na medida em que se pode vir a tornar líder na aplicação de energias renováveis e na exportação dos seus conhecimentos. Isto é especialmente verdade no caso da energia eólica, uma área em que Portugal tem assumido um papel pioneiro. Com base neste êxito, existe o potencial de criação de emprego, mas o sucesso dependerá de políticas boas e economicamente rentáveis.
Um desafio será estabelecer uma base industrial verde de forma a minimizar custos, as rendas ou as distorções desnecessários para os utilizadores e que isso não constitua uma sobrecarga adicional para as contas orçamentais. Atualmente, o preço que Portugal está a pagar pelo seu papel pioneiro na energia renovável é elevado, uma vez que os objetivos ambientais na política energética têm sido, em grande medida, baseados em apoios generosos aos produtores. O apoio público ascende a 14 EUR por MWH, que representa o terceiro mais elevado na União Europeia, depois da Espanha (18 EUR) e da Alemanha (15 EUR) (CE, 2014). "
De um Estudo publicado sob a responsabilidade do Comité de Análise da Economia e do Desenvolvimento da OCDE, responsável pela análise da situação económica dos países membros.
A situação e políticas económicas de Portugal foram analisadas pelo Comité em 23 de setembro de 2014. O projeto de relatório foi depois revisto à luz das discussões e o relatório final foi aprovado por todo o Comité em 6 de outubro de 2014.