sexta-feira, 29 de abril de 2016

Quanto vale uma paisagem?


Encontrei, num relatório da OCDE que vasculhava por outras razões, estes dados sobre o papel pioneiro e promissor de Portugal na produção de energias renováveis (particularmente a eólica), não posso dizer que a informação me desagrade ou que a minha posição em relação a estes dados seja de alguma forma negativa. Mas tenho pena que nestes relatórios em que se avaliam essencialmente factores económicos não se tenha tentado avaliar o valor da paisagem que em Portugal foi sacrificada a esta actividade. Infelizmente o valor da paisagem ainda não pode ser quantificado (ou não convém que o seja).

"As energias renováveis avançaram a um ritmo impressionante desde 1990 e Portugal tornou-se líder europeu no que se refere à utilização de fontes de energia renovável, excluindo a energia hidráulica. A energia eólica, que tem sido o impulsionador subjacente a esta evolução, tem vindo a crescer a um ritmo de 52% ao ano desde 1990 em Portugal, face a 28% na Europa da OCDE. (...) Consequentemente, as emissões de CO2, em particular as resultantes da produção de eletricidade, têm diminuído desde 2005 e são relativamente baixas em Portugal .

O avanço em matéria de energias renováveis representa uma promessa para Portugal, na medida em que se pode vir a tornar líder na aplicação de energias renováveis e na exportação dos seus conhecimentos. Isto é especialmente verdade no caso da energia eólica, uma área em que Portugal tem assumido um papel pioneiro. Com base neste êxito, existe o potencial de criação de emprego, mas o sucesso dependerá de políticas boas e economicamente rentáveis. 

Um desafio será estabelecer uma base industrial verde de forma a minimizar custos, as rendas ou as distorções desnecessários para os utilizadores e que isso não constitua uma sobrecarga adicional para as contas orçamentais. Atualmente, o preço que Portugal está a pagar pelo seu papel pioneiro na energia renovável é elevado, uma vez que os objetivos ambientais na política energética têm sido, em grande medida, baseados em apoios generosos aos produtores. O apoio público ascende a 14 EUR por MWH, que representa o terceiro mais elevado na União Europeia, depois da Espanha (18 EUR) e da Alemanha (15 EUR) (CE, 2014). "

De um Estudo publicado sob a responsabilidade do Comité de Análise da Economia e do Desenvolvimento da OCDE, responsável pela análise da situação económica dos países membros. 

A situação e políticas económicas de Portugal foram analisadas pelo Comité em 23 de setembro de 2014. O projeto de relatório foi depois revisto à luz das discussões e o relatório final foi aprovado por todo o Comité em 6 de outubro de 2014.


quarta-feira, 27 de abril de 2016

Um brasileiro em terras portuguesas

Em relação com as árvores só de sombra, o árabe não deixou aos portugueses senão maus exemplos. Foi na Europa um inimigo, talvez se deva dizer, sistemático, das árvores grandes, altas e ramalhudas, nas quais viu, decerto, refúgios ou esconderijos para os nórdicos em tempo de guerra. Ou obstáculos à ocupação metodicamente económica do solo  com pequenas árvores de fruto, com hortas e jardins, que devessem antes ser expostos a sol que defendidos dele por excessivas sombras. Na arquitectura doméstica, por meio de janelas e abalcoados em xadrez, nas cidades, por meio de ruas estreitas e de arcos, no vestuário, por meio de longos mantos ou xales, o árabe soube, como ninguém, desenvolver um sistema de protecção ou resguardo do homem contra os exageros do sol tropical. Mas fracassou com relação ao aproveitamento da árvore e dos jardins, talvez por se ter originado a sua cultura em áreas de árvores raras e pequenas.

Deste desamor do mouro ou do árabe à árvore muito temos sofrido, portugueses e descendentes de portugueses nos trópicos.

A verdade, porém, é que a quinta -pelo menos a quinta afidalgada- parece representar uma rectificação portuguesa -com influência quer dos antigos romanos, através dos Joões de Castro que os copiaram nos gestos, nas atitudes e nos estilos de vida patrícia, quer dos ingleses, que a doçura do clima foi atraindo aos arredores de lisboa- aos exageros de desamor às árvores altas, grandes e quase inúteis: desamor desenvolvido na Europa ibérica por árabes desejosos de aproveitar o máximo das terras para sua policultura útil, económica, bem dirigida. Desamor não de todo contrariado por frades ou monges cujo interesse nas extensões de terras sob o seu domínio se fixou antes na exploração agrária que na conservação, considerada por muitos deles talvez só estética -pecaminosamente estética- de matas ou paisagens. Mesmo assim parece que é principalmente a frades com alguma coisa de paisagistas em seu modo de ser latifundiários, que se deve o que há de coroado por arvoredo antigo e português na paisagem mais castiça. As matas, ainda hoje com alguma coisa de monástico, do Buçaco, por exemplo.

Gilberto Freyre (1951)

terça-feira, 26 de abril de 2016

Os meus pinheiros e os eucaliptos do vizinho


E se dúvidas ainda existissem acerca da malvadez dos eucaliptos, veja-se aqui a diferença entre o coberto vegetal na zona de pinheiros e o do terreno vizinho onde há vários anos fazem produção intensiva de eucaliptos (abatidos e replantados de 10 em 10 anos). Já em 2012 aqui tinha mostrado este lugar e é curioso reparar que embora a diferença de tamanho dos pinheiros, de então para cá, seja irrelevante, os eucaliptos das fotografias de 2012 já foram abatidos, plantados novos, e mesmo assim já cresceram mais do que os pinheiros que ali ao lado tranquilamente vão fazendo pela vida.

As primeiras folhas de um Acer um bocadinho vaidoso


Acer negundo 'flamingo'

sábado, 23 de abril de 2016

Pouca coisa


terça-feira, 19 de abril de 2016

Uma questão de escala

Cotyledon tomentosa

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O jardim público

(O Jardim Público em França)
Un jardin public est un terrain enclos, paysagé et planté destiné à la promenade ou à l’agrément du public.
Le jardin public procure au visiteur l’agrément d’un lieu en retrait de la norme urbaine.
Les codes de la ville sont abandonnés à l’entrée et la liberté des tenues ou des attitudes favorise les rencontres.
On retrouve des étudiants révisant leur cours, des retraités se promenant, de jeunes parents et leur enfant.
Lycéens, étudiants, travailleurs en pause s'y restaurent le midi.
Des musiciens ou des acteurs de théâtre profitent de cet espace pour répéter.
Le jardin public est, dans la ville, un lieu incontournable de socialisation.



(O Jardim Público em Inglaterra)
A garden is usually a piece of land that is used for growing flowers, trees, shrubs, and other plants.
In addition to plants, many gardens also have landscaping features such as pathways, seats, rock gardens, ponds, fountains, a small stream with or without a waterfall.
Many people find gardens relaxing especially if the garden is full flowers with strong scents.
Some flowers like roses, bougainvilleas, orchids and many others are just beautiful to look at.
Many people think that gardens are very beautiful and a place to relax and/or entertain.
A garden can have a place to barbecue, to sit and to read.

O Jardim Público em Portugal, é um lugar onde se podem instalar esplanadas, quiosques de refrescos, equipamento urbano de estadia para a terceira idade e equipamento lúdico-infantil, iluminação pública, organizar feiras e mercados.... E sendo este o paradigma, não é de admirar que uma junta de freguesia de Lisboa ao lançar o concurso para um novo jardim não utilize uma única vez palavras como plantar, árvores, flores, relva, paisagem, biodiversidade....

Concurso de Ideias | "Jardim das Cores"

O Largo Manuel Emídio da Silva, meia laranja de passeios largos e convidativos, que pedem solarengas esplanadas para fazer frente à restante azáfama da vida citadina, é um local que outrora foi um fervilhante ponto nevrálgico da Estrada de Benfica e porta principal do Jardim Zoológico de Lisboa e que foi aos poucos sendo abandonado pela população e pelo comércio.
Deste modo, a Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica propõe-se transformar este icónico Largo num novo jardim, o “Jardim das Cores” com o qual pretendemos brindar os nossos fregueses e os lisboetas em geral.
Este denominado “Jardim das Cores”, terá como função revitalizar não só o Largo como todo o comércio envolvente, proporcionando um agradável espaço de lazer (...)

O concurso terá como tema “As Cores”, desejando-se que pela vida que traduzem invistam também o espaço de uma nova vida, animando espíritos e libertando a mente(...)

Árvores, factos e pessoas


Uma faia de 25 metros de altura é capaz de fornecer as necessidades de oxigénio de 10 pessoas (Akbari et al., 1992)

domingo, 17 de abril de 2016

sábado, 16 de abril de 2016

Pouca coisa


Há dias assim...

domingo, 10 de abril de 2016

Aloé?



x Gasteraloe  ´Green Ice`

Glossário Botânico


Metabolismo Ácido das Crassuláceas- como forma de adaptação a ambientes quentes e secos as suculentas absorvem o dióxido de carbono durante a noite (já que com o calor as folhas perderiam mais água nesta operação) armazenando-o na forma de ácido málico que mais tarde é transformado em hidratos de carbono.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Ai, as frésias!


Desenhar é ver melhor


I brought, from my walk yesterday, a purple thistle and a dandelion cluster home with me, and drew them both in great and loving detail; I also did a rather bad drawing of a teapot and some chestnuts, but will improve with practice; it gives me such a sense of peace to draw; more than prayer, walks, anything. I can close myself completely in the line, lose myself in it...

Sylvia Plath (1956) . no livro editado pela sua filha "Drawings"

terça-feira, 5 de abril de 2016

Ler

(...) Porque ler implica pensar, emocionar, sentir, dispor de tempo, actividades que pressupõem um nível de existência que nem a todos é dado, mas também de que muitos desdenham ou desconfiam, pois não tem som, nem cores, não dá fama, nem proveito imediato.
José Rentes de Carvalho . no blogue "Tempo Contado"

Decidi ler o "Alentejo" do Henrique Raposo, normalmente não o faria, tenho sentimentos profundos pelo Alentejo e sentimentos de desconfiança pelas certezas absolutas do HR, mas ver um livro ser condenado por causa de uma entrevista televisiva ao seu autor convenceu-me a ler. Não pretendo tirar conclusões, apenas dedicar-lhe o tempo necessário, pensar, sentir, e, quem sabe, emocionar-me.

domingo, 3 de abril de 2016