sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A Prunus Triloba de Llansol

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Prunus triloba

Como diz Jorge de Sena no prefácio de um livro de Hemingway, alguns escritores têm uma relação tão profunda com a natureza, que conseguem fazer com que ela: Seja.
Para mim é muito claro o momento em que uma planta, um animal, uma paisagem, um lugar... se transforma em: Ser. É muito importante que isso aconteça, porque é só quando a natureza ganha o estatuto de Ser, que se decide respeitá-la verdadeiramente. Mas adiante.

Maria Gabriela Llansol foi uma dessas escritoras para quem a natureza: É. No seu jardim (em Jodoigne) tinha uma Prunus triloba com a qual manteve uma relação privilegiada e que se transformou numa das suas principais personagens. A Prunus Triloba de Llansol.


[...] vivo para escrever e ouvir e, hoje, fui um dos primeiros leitores de Na Casa de Julho e Agosto; tão profundamente me sensibilizou o texto que, depois de me ter esquecido do que ia dizer, ou seja, escrever a seguir, me sentei no banco verde do jardim, junto de Prunus Triloba, a refletir que me devia perder da literatura para contar de que maneira atravessei a língua, desejando salvar-me através dela.
Jodoigne, 30 de Maio de 1979


Sonho, esta noite, com o meu último olhar frontal a Prunus Triloba:
Ser árvore, é não partir
Prunus triloba, és uma árvore.
Prunus triloba não pode partir.
Pus-lhe a mão no tronco - pedra de toque do nosso adeus.

Herbais, 31 de maio de 1980

1 comentário:

Miguel Jorge disse...

Obrigado por mo lembrar!