sexta-feira, 15 de maio de 2015

Os invasores da razão

Muito interessante este artigo que ousa questionar a condenação das espécies que são classificadas como invasoras pelos homens da ciência, em defesa do Ailanto (Ailanthus altissima (Mill.) Swingle).

4 comentários:

Paulo Araújo disse...

O artigo até pode ter alguma verve, mas quem o escreve tem uma ideia muito parcial do que significam coisas como ecologia e biodiversidade. Não é uma construção social ou uma conspiração de biólogos malvados reconhecer que na Península Ibérica certas espécies arbóreas são invasoras. É sim uma tragédia ecológica facilmente verificável. Ainda que, em abstracto, essas árvores possam ser bonitas, não dá nenhum gosto ver longos trechos das margens dos nossos rios completamente ocupados por mimosas (Acacia dealbata) ou Ailanthus altissima. De que vale haver muitas árvores nesses lugares se elas são todas iguais e não deixam espaço para mais nada?

Rosa disse...

Tem toda a razão Paulo! Mas a verdade é que este, importante conceito e alerta de espécie invasora é uma coisa relativamente recente que deve evoluir e adaptar-se constantemente a muitos factores. Não pode nem deve ser visto como uma "ditadura". Porque quando isso acontece é porque a mensagem não está a passar eficazmente.
Se não me engano ainda há pouco tempo se discutia se o Eucalipto (um óbvio invasor) devia ou não integrar a lista de árvores invasoras, não sei se já integra mas há inúmeros factores económicos, políticos e outros que condicionam esta decisão. Porque é que uma coisa tão importante como os afectos não pode ser considerada também uma condicionante?

Paulo Araújo disse...

Sim, Rosa, a mensagem sobre o perigo das espécies invasoras não passa ou passa mal. Talvez uma atitude algo dogmática contribua para isso. Há espécies listadas como invasoras, e que o são de facto, que poucos prejuízos causam, pois só se instalam em habitats muito alterados. Metê-las no mesmo saco das acácias (ou dos Ailanthus) só ajuda a banalizar o conceito. Mas outra dificuldade é que os portugueses não conhecem de facto a vegetação natural do seu território. Bom, dito assim, com essa generalidade toda, talvez o pecado seja partilhado pela maioria dos povos civilizados em relação aos seus países. Mas acredito, ainda assim, que enquanto num país da Europa do norte há uma massa crítica de interessados nessas coisas, em Portugal ela não existe de todo. Concluindo: sem critério para distinguir o natural do postiço, por que havemos de nos maçar com as invasoras? Afinal não é tudo mais ou menos verde?


Falemos então de eucaliptos. Do que não há dúvidas é que, sejam ou não invasores, eles têm sido usados numa invasão que desfigurou o país de norte a sul. É um bocadinho irrevelante que, aos mais de 800.000 hectares de eucaliptos plantados, se somem umas migalhas em que o eucalipto se instalou sozinho. Gostava que houvesse menos eucaliptos, mas o argumento principal contra ele (de índole também afectiva) deve ser o estrago que a sua monocultura causou nas nossas paisagens, e não as suas tendências invasoras (que não me parecem ser muito pronunciadas).

Rosa disse...

Paulo, eu tenho um terreno onde houve eucaliptos, quando, depois de um incêndio, decidi substituir os eucaliptos por outras espécies tive muitas dificuldades. Se aquilo não é invasão...
Mas assim que me vi livre deles (demorou anos) começaram a aparecer carvalhos espontâneos pinheiros e uma variedade enorme de vegetação que tinha completamente desaparecido quando os eucaliptos lá estavam. Neste momento tenho apenas um eucalipto de "estimação" que é a árvore maior que tenho e que é maravilhosa.
Isto nem sei porquê... Afinal o que eu queria era agradecer-lhe e dizer que o vosso blogue tem feito tanto, tanto por nós todos.