Viagens filosóficas
O primeiro passo de uma nação, para aproveitar suas vantagens, é conhecer perfeitamente as terras em que habita, o que em si encerram, o que de si produzem, o de que são capazes. A história natural é a única ciência que tais luzes pode dar; e sem um conhecimento sólido nesta parte, tudo se ficará devendo aos acasos, que raras vezes bastam para fazer a fortuna, e a riqueza de um povo.
Palavras do Abade Correia da Serra (1750.1823) no discurso inaugural da Academia das Ciências de Lisboa em 1779
Como Vandelli ensina nas “Viagens Filosóficas”, a descrição de um país implica dar conta do clima, acidentes geográficos, natureza dos portos, desenhar mapas se fosse caso disso, sobrepor aos que houvesse a carta mineralógica, analisar fronteiras, a navegabilidade dos rios, o tipo de embarcações, aparelho de guerra, manufacturas, religião praticada, doenças endémicas, remédios nativos, costumes do povo, indumentária, tecidos, arquitectura e materiais de construção, sistema de governo, etc.. O filósofo natural devia também preparar, conservar e remeter amostras das produções naturais ao Real Jardim Botânico da Ajuda. Esta instituição era um laboratório onde se apuravam técnicas, como a purificação do anil, e uma estação aclimatadora, na qual se seleccionavam plantas úteis para introduzir onde melhor vegetassem, em Portugal ou nas conquistas.
Texto tirado aqui
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