quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Flores Humanas


 
Auguste Rodin . 1906/7 (da coleção "danseuses cambodgiennes")

No Outono de 1907, Rilke, de Paris, envia uma carta à sua mulher onde descreve desta forma encantadora a sua impressão sobre os últimos desenhos de Rodin:

(...) De um modo quase refinado, Rodin soube novamente aproveitar-se de cada acidente; o papel transparente e fino, que produz diversas pequenas rugas quando puxado, lembrando as escrituras persas. E a tonalidade, acima de um rosa esmaltado, com um azul fechado, como o das mais preciosas miniaturas, e também, como sempre em seus desenhos, algo completamente primitivo. Flores, é o que se imagina; folhas de um herbário, nas quais se conserva o gesto mais involuntário de uma flor, precisado definitivamente pela dessecação. Flores secas. Naturalmente, logo após imaginar isto, li algures, com a sua letra alegre: "Fleurs Humaines". Quase uma pena que ele não permita que a nossa imaginação vá tão longe: Estava na ponta da língua. E todavia comove-me de novo, tê-lo entendido tão literalmente.
Rainer Maria Rilke . "Cartas Sobre Cézanne"

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