quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Da Conchinchina

 Curcuma alismatifolia


Desengane-se quem pensa que o negócio de plantas e flores é mais inocente e menos manipulador do que qualquer outro grande negócio. Assim como hoje em dia todos nós acabamos por acreditar que aquele telemóvel muito caro e muito "esperto" vale bem os olhos da cara que damos por ele porque nos salva a vida diariamente, também as plantas que pensamos escolher conscientemente para as nossas casas e jardins nos são, na maior parte das vezes, impingidas exactamente com os mesmos estratagemas utilizados para vender geringonças inúteis. As consequências da globalização no mercado das plantas podem ser perigosas, aqui o que está em causa não é o massacre das empresas da concorrência como acontece no negócio dos telemóveis mas a biodiversidade e a cultura.

Eu - não sei se vítima ou culpada - manipulada me confesso. Compro entusiasmada Rosas-do-deserto para um jardim que passa metade do ano encharcado, árvores tropicais condenadas ao raquitismo, flores exóticas cheias de cores e caprichos, e acredito que a minha vida seria muito infeliz sem a enorme quantidade de  Açafrão-da-Conchinchina que compro todos os Verões no Ikea. No entanto tenho um jardim onde nascem espontaneamente orquídeas, estevas, murtas, urze, pinheiros, carvalhos maravilhosos e tantas outras plantas que exigem apenas que eu as deixe viver. 

Enfim... Já que elas vieram até nós, ficam aqui imagens da discreta e breve floração da tal menina da Conchinchina que é parente do Gengibre e também conhecida por Curcuma ou Tulipa-do-Sião. Não nos devemos deixar enganar pelas "flores" rosa choque vistosas e exuberantes já que essas são brácteas ou seja folhas que imitam flores para enganar polinizadores incautos e aliciar consumidores de plantas decorativas.

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