domingo, 3 de dezembro de 2006

Poema da árvore




As árvores crescem sós. E a sós florescem.

Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.

Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.

Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.

Virtude vegetal viver a sós
e entretanto dar flores.


António Gedeão

8 comentários:

Osc@r Luiz disse...

Oi!
Me empresta esse poema pra eu postar hoje que é dia da árvore?
Obrigado!

Rosa disse...

O Gedeão é que empresta.

Charles Lewis Stone disse...

Só dos idiotas cortam árvores, com ou sem motivo. E os que não leram esse poema ainda.Muito bom.

Anónimo disse...

vou usar esse poema para apresentar no colegio...
muito bom...

Anónimo disse...

valeu por esse poema vou pegar enprestado pra minha escola fui valeuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Graziella Daros disse...

Oi! Adorei o poema... me empresta ele para trabalhar o DIA DA ÁRVORE, com meu pequenos na escola?! OBRIGADA!!!

Anónimo disse...

Vou pegar enprestadoo pra usar no cartaz da escolaaaa

Monica Xavier disse...

Peguei emprestado ok !?