Dos números, das dúvidas, das certezas, das mentiras e das árvores que se querem normalizadas...
O Jardim do Príncipe Real perdeu nestes últimos dois dias 38 árvores...
38!?
O único comunicado da CML (entidade responsável pela "requalificação" do jardim) referia:
"Estão previstas operações de recuperação do coberto arbóreo e a substituição de alguns maciços já envelhecidos e deformados"
Ontem:
Afinal em quantas árvores abatidas é que ficamos? Que coisa mais estapafúrdia é essa de "árvores deformadas"? As árvores, nos jardins de Lisboa, agora também vão ser normalizadas, como a fruta nos hipermercados?
As 38 árvores não estavam doentes, disso tenho eu a certeza!
E mais não digo porque o Jardim do Príncipe Real é um jardim muito meu e o amor é cego e vou ter de continuar a gostar dele apesar de todos os disparates que por lá andam a fazer.
3 comentários:
Rosa, os factos, aos quais me remeto, são (foram) os seguintes:
1. A empresa que foi contratada para proceder ao corte das árvores, foi paga para cortar 50 (cinquenta árvores);
2. As instruções dadas (por quem?) foram no sentido de cortar todas as árvores que diante do jardim, no passeio constituiam a parte exterior de verde do jardim, o critério de corte foi assim localização física e não a condição física;
3. A consciência da diferença entre o anunciado (e pelos vistos agora repetido em sessão pública da Câmara - onde quis intervir tendo-me sido explicado no local que deveria ter-me inscrito na passada segunda feira) e o praticado explica porque razão tudo foi feito praticamente numa manhã e princípio de tarde (dia 24 de Novembro).
4. Quantas foram então? É fácil, basta ampliar a fotografia que fez o favor de postar e marcar com um círculo todas as árvores que se encontram no passeio do jardim (não confundir com o passeio da rua, porque existe o do jardim e o da rua) e acrescentar a essas duas outras que no interior foram também cortadas.
5. A explicação para o diferente tratamento dado a umas e outras árvores estaria numa outra falácia: as árvores do jardim constituiriam património protegido (logo IPPAR, ou lá como se chame agora, se é que mudou de nome), enquanto que as de "fora" não.
A falácia está em dois momentos: Primeiro: o que deve ser património protegido é o Jardim como um todo, conjunto de árvores, canteiros, arquitectura paisagistica, etc. e não as espécies individuais das árvores em si.
Segundo: O que se tem chamado passeio (onde estavam essas árvores, não é "passeio da rua", mas "passeio do jardim").
Amanhã procurarei falar com o Vereador José Sá Fernandes, na sequência do que ontem pedi (ante a impossibilidade de intervir na sessão pública da CML). Vou ver se encontro a Acta da sessão de ontem de onde possa retirar o excerto que reproduziu, caso a Rosa tenha algum documento com ela ou outra fonte muito lhe agradecia que me ajudasse a obter cópia para levar a essa reunião.
Será que também cortaram um plátano sobre o qual escrevi (O Presente Grego/A Casa na Árvore/Tempo Livre, está online) ... um plátano que descende do maior plátano do mundo e que foi oferecido a Lisboa nos anos 50, pelo Rei Paulo da Grécia?
Esse plátano ficava num passeio...
Eu informei várias vezes a Direcção Geral de Florestas, enviei tudo, imagens e um texto com a localização, nunca recebi nenhuma carta, nunca vi a árvore identificada...
Gostava que este documento também fosse entregue, se é que ainda vai a tempo...
Nós, os pigmeus da natureza, a combater os gigantes dos "númaros" e das cúpulas. O amor é cego, Rosa, e por isso amamos o indizível, a alma das árvores e das ervas ...se estivesse "lá" tinha chorado.
Abç
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