quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A invenção de Flaubert


Quando, em Madame Bovary, Flaubert optou por não fazer o julgamento moral que os leitores ansiavam, inventou um novo leitor de romances. Um leitor a quem cabe a desconfortável tarefa do julgamento, um leitor desassossegado que sabe que a boa literatura não pode ser moralista.

3 comentários:

Jorge Pinto disse...

se Flaubert o fez em relação ao leitor burguês já Choderlos de Laclos o tinha feito no fabuloso 'Les Liaisons dangereuses' em relação aos leitores ('aristocratas'?) pré-revolução.

Rosa disse...

Jorge, eu não li o 'Les Liaisons dangereuses', mas o que acho admirável no Flaubert é a forma como ele obriga o leitor (habituado a ser cúmplice do autor) a fazer os seus próprios julgamentos e a tirar as suas conclusões.

Jorge Pinto disse...

Li o Flaubert há tantos, tantos anos que não posso confirmar ou infirmar esse seu juízo. Que o livro foi polémico na altura isso é inquestionável...por não condenar a protagonista ou pelo tratamento dado ao tema em si? Essa a minha dúvida.
As 'Liaisons' são uma verdadeira pérola...não perca na 1ª oportunidade.