quinta-feira, 6 de junho de 2013

Mais uma metamorfose (ou como a planta de alvos frutos agora negros dá, tintos de sangue.)

Morus alba  .  Morus rubra

É para consumo e deleite exclusivo de românticos assolapados a metamorfose que Ovídio consagrou à Amoreira. A tragédia de Píramo e Tisbe condensa de forma magistral todos os ingredientes necessários - até aos dias de hoje - a uma boa história de amor arrebatador. 
E como todo o grande amor é uma metamorfose, nesta história as amoreiras que até então produziam frutos insípidos e incolores como são os frutos da amoreira-branca (Morus alba) sob a qual os dois apaixonados combinam encontrar-se*, passam a dar frutos muito mais apetecíveis e saborosos da cor do sangue tragicamente derramado por Píramo e Tisbe**.

*
e, para não errarem pelos vastos campos,
no túmulo de Nino, à sombra de uma árvore,
se encontrariam. Copa prenhe de alvos frutos,
alta amoreira havia junto à fonte gélida. 

**
Mas tu, árvore, (...)
guarda os sinais do sangue em negro fruto, apto
ao luto: monumento de uma morte gémea.

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