quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Outono

Há Outonos que não se esquecem, passam, sim. Dão lugar a longos Invernos, desiludidos, tristes, zangados. Salva-nos a Primavera de sempre, redentora, luminosa, capaz de envergonhar o mais inesquecível dos Outonos, e o Verão, ah o Verão! Não há Verão que não nos faça rir de um Outono inesquecível, desprezá-lo até. Mas é inevitável, o Outono chega sempre mais uma vez e entranha-se o medo, medo que seja desta que não se vai mais embora, é o Outono a trair a Primavera, ninguém trai a Primavera tão bem como o Outono. Há Outonos que não se esquecem, passam-nos.

2 comentários:

Victor L. disse...

Sim, há Outonos que não se esquecem. Mas também há coisas que os Outonos não deixam esquecer: a luz e o som e o cheiro das praias e dos jardins e dos campos e até das cidades e das casas nos Outonos, são inesquecíveis.

Rosa disse...

Victor,

Às vezes entra-se em casa com o outono
preso por um fio,
dorme-se então melhor,
mesmo o silêncio acaba por se calar.

Eugénio de andrade