domingo, 8 de julho de 2007

No meu jardim

Gaura lindheimeri . Zygaena fausta L.

Como quem num dia de Verão abre a porta da casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...

Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?

Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...

Alberto Caeiro . O Guardador de Rebanhos

1 comentário:

bettips disse...

E depois..o dever de mostrá-lo, chamar-lhe um nome giro. Vivê-lo - o Verão - como uma nuvem que passa ou uma borboleta que pousa! Bjinho