Aquele único exemplo
(...)
Favorecei a antigua
Sciencia que já Achiles estimou;
Olhai que vos obrigua,
Verdes que em vosso tempo se mostrou
O fruto daquella Orta onde florescem
Prantas novas, que os doutos não conhecem.
Olhai que em vossos annos
Produze huma Orta insigne varias ervas
Nos campos lusitanos,
As quaes, aquellas doutas e protervas
Medea e Circe nunca conheceram,
Posto que as leis da Magica excederam.(...)
Sciencia que já Achiles estimou;
Olhai que vos obrigua,
Verdes que em vosso tempo se mostrou
O fruto daquella Orta onde florescem
Prantas novas, que os doutos não conhecem.
Olhai que em vossos annos
Produze huma Orta insigne varias ervas
Nos campos lusitanos,
As quaes, aquellas doutas e protervas
Medea e Circe nunca conheceram,
Posto que as leis da Magica excederam.(...)
Este é um excerto do primeiro poema que Luís de Camões viu impresso e publicado. Foi no prefácio da obra "Colóquio dos simples" do seu amigo Garcia de Orta, publicada em Goa no ano de 1563.
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Esta obra admirável de Garcia de Orta, cujo nome original é: "Coloquios dos simples e drogas e cousas mediçinais da India, e assi dalgumas frutas achadas nella, onde se tratam algumas cousas tocantes a medicina pratica, e outras cousas boas pera saber, composto pelo doutor Garcia d’Orta, fisico del’rey nosso senhor", apresenta um conhecimento feito da observação e da experiência que é considerado precursor da ciência moderna, do método científico e muito invulgar no seu tempo (sec XVI).
Baseia-se na sua experiência de trinta anos na Índia, onde, entre outras coisas, plantou e comercializou especiarias, teve um horto, uma plantação de ervas medicinais que estudou profundamente, viajou, acompanhou expedições militares, recolheu informações várias, estudou a nomenclatura local das doenças e dos seus remédios.... E comparou com o que aprendera na Europa.
Garcia de Orta escreveu o seu livro em Português porque pretendia que ele chegasse não apenas às elites, que comunicavam entre si em Latim, mas a todos a quem as informações podiam ajudar ou iluminar. Um resumo do seu trabalho é posteriormente traduzido para latim por Charles de l'Écluse e consagrado na Europa, mas em Portugal os seus Livros são condenados e destruídos pela inquisição logo após a sua morte.
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Gravuras de Cristovão da Costa . 1578
Um dos seus discípulos, Cristovão da Costa ou Christobal d’Acosta de Buenaventura, O Africano. Recupera a obra de Garcia da Orta, acrescida dos dados recolhidos por Costa pessoalmente e dos desenhos que inseriu no seu Tractado. E conseguiu uma difusão através do mundo.
Sobre Garcia da Orta e os seus divulgadores
Sobre Garcia da Orta e os seus divulgadores
2 comentários:
La ringrazio per Blog intiresny
imparato molto
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